Neuropsicologia

Quando um bebé vem ao mundo tem um potencial cognitivo à espera de ser desenvolvido. Todas as crianças têm capacidades para voar na vida, independentemente das suas opções ou circunstâncias de vida. Um futuro médico não terá uma inteligência superior à de um futuro jardineiro. Um e outro serão preparados para diferentes funções. Cada um terá as suas competências mas nenhum poderá ficar a rir-se do outro.

«Todos nascemos - se não houver patologia - com a possibilidade de desenvolvermos a "inteligência" ou a dinâmica do conhecimento, do social e do emocional.» Quem o afirma é Manuel Domingos, coordenador da Unidade de Neuropsicologia de Intervenção no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, e também presidente da direcção da Sociedade Portuguesa de Neuropsicologia (SPNP).

«O que acontece é que, muitas vezes, esse potencial é mais diminuído na razão directa da iliteracia, da aculturação, das carências alimentares, que não permitem que haja uma evolução positiva desse tipo de potenciais», acrescenta.

Quer isto dizer que crianças bem estimuladas e bem alimentadas terão uma plasticidade cerebral mais desenvolta. Há estudos feitos em ratos que nos ajudam a compreender a importância dos factores do meio. Dois irmãos gémeos são separados à nascença. O primeiro ficará isolado numa gaiola sem luz e terá apenas alimentos, o segundo poderá interagir com outros ratos, treinar a destreza física num ambiente luminoso e ter uma boa alimentação. «As conexões cerebrais do rato que esteve em ambiente enriquecido são completamente diferentes do outro que ficará não só com poucas conexões, mas nalguns casos até com uma atrofia do próprio tecido cerebral. Portanto, a estimulação ambiental é fundamental para que as nossas capacidades se desenvolvam», afiança o neuropsicólogo.

Estímulo da capacidade intelectual

Fabian Stamate, psicopedagogo da Sei - Consultório de Orientação Psicopedagógica, em Carcavelos, enuncia a primeira regra para se estimular o intelecto: «Uma primeira dica será falar, falar, falar muito com as crianças mesmo durante os primeiros meses de vida.» Os especialistas sublinham as vantagens de conversar, ler jornais ou histórias em voz alta para os bebés. Mais tarde, quando desenvolvem a fala, é importante que sejam estimulados a perceber o porquê das coisas.

Manuel Domingos diz que «só podemos enriquecer o capital cognitivo de uma criança em idade pré-escolar se a bombardearmos, no bom sentido e com alguma parcimónia - para não exagerarmos -, com informação, aprendizagens e afecto. Ou seja, um colo de qualidade». Este «bombardeio» não significa que se deva obrigar a criança a aprender coisas para as quais não está preparada. «Não podemos exigir mais do que a criança pode dar, caso contrário estamos a criar frustração e revolta. O que queremos é que aprenda motivada e com gosto.»

Para este especialista motivam-se as crianças para a aprendizagem através da brincadeira. Os pais têm à disposição material lúdico que pode ser muito útil. «O ensino deve ser sério mas ao mesmo tempo extremamente bem-disposto, para que a criança vá para a escola interessada pela cultura. As crianças têm de ir para o ensino motivadas a pensar que aquilo é a construção do futuro delas.» Segundo o neuropsicólogo «bastam duas horas semanais para dar cultura às crianças de forma lúdica».

Manuel Domingos alerta os pais para o perigo de privarem os filhos de terem momentos familiares de qualidade: «O denominador comum do discurso de um pai e de uma mãe é "não temos tempo". Os pais têm cada vez menos tempo para estar com os filhos, a criança apenas está ali como um ser vivo que vai crescendo porque tem alimentação e não tem aquela atenção de antigamente.»

Quando é que um adulto poderá ter a percepção de que o potencial da criança não está a ser devidamente explorado? O desinteresse em aprender poderá ser um sintoma de que algo vai mal. «Os sinais de alarme começarão a surgir quando a criança é confrontada com situações de interacção social e não responde adequadamente a essas situações», explica o neuropsicólogo.

Depois de entrarem na escola, é primordial que os pais estejam atentos para perceberem quais os talentos dos filhos, seja no desporto, numa actividade artística ou em qualquer outro campo. «Quando temos sucesso numa área mais facilmente temos tendência para ter sucesso noutras áreas também», afirma Fabian Stamate.

O psicopedagogo sugere ainda aos pais para «oferecerem uma actividade extracurricular às crianças, uma e não demasiadas...»

Dificuldades na escola

Quando vulgarmente se diz «puxar» pelas crianças não se está a falar de coisas megalómanas, impossíveis de realizar pelos pais que têm menos habilitações. A pedagogia parental faz-se no dia-a-dia, em casa ou na rua, num passeio a pé pelo jardim ou num filme que se vê na televisão ou no cinema.

O estímulo daquilo que, no senso comum, designamos por inteligência é fundamental para se desenvolverem diferentes competências. O núcleo duro da inteligência centra-se na memória, atenção e motivação. Estas três capacidades têm grande importância para o sucesso académico. Embora, haja muitas outras aptidões para construir um bom aparelho intelectual como uma boa sustentação emocional, por exemplo.

Não raras vezes, durante o percurso escolar, as crianças sentem alguns problemas. Os especialistas dizem que as principais dificuldades das crianças ditas saudáveis estão relacionadas sobretudo com a motivação - ou a falta dela. «A desmotivação vem sobretudo de as tarefas serem demasiado difíceis ou demasiado fáceis. Quando são demasiado difíceis poderá haver falta de método, de estudo e de apoio dos pais.» Assim sendo, Fabian Stamate diz que a regra de ouro é não deixar acumular dificuldades: «Uma das primeiras coisas é ter o cuidado, logo no início do ano lectivo, de ajudar a criança a estudar, a investir na escola. Há que dar também mais atenção aos métodos e técnicas de estudo para cada disciplina.»

Daí a importância de os adultos supervisionarem e orientarem o estudo das crianças. O psicopedagogo exemplifica: «Numa semana difícil em que a criança vai fazer dois testes e tem de apresentar um trabalho, os pais devem ajudá-la a dividir essas tarefas em tarefas mais pequenas e a planificar a gestão do tempo.»

Por último, mas não menos importante: pais que valorizam a escola transmitem aos filhos uma mensagem positiva que influencia o rendimento escolar, como nos diz o técnico da Sei: «Os pais devem dar importância à escola e aos professores, o que nem sempre acontece. Se a criança sentir que para os pais a escola é importante, acabam por ter mais motivação para investir nela.» E motivação gera motivação.

 


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Paulo Rosa

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